|

O que há de "novo" em Renan Filho na disputa pelo governo?

Renan Filho quer implantar nova postura na política de Alagoas. E o presidente do Senado defende mais transparência e probidade

“Um novo caminho para Alagoas”. Com esse tema de pré-campanha estampado em um cartaz, o nome do deputado federal Renan Filho foi apresentado como o pré-candidato do PMDB ao governo do Estado pelo presidente do Congresso Nacional, seu pai, Renan Calheiros (PMDB). A temática do “novo” é uma reação da classe política ao recente momento de cobrança da população por ética e práticas legais e eficientes na gestão pública.

As demandas expostas nas ruas desde os protestos de junho de 2013 parecem casar com a juventude física e a vibrante retórica do parlamentar de 34 anos. Para quem perguntar: “É só pela pouca idade?”, Renan Filho e seu pai dizem que não.

Segundo os Renans, o novo caminho oferecido como rumo para a Frente de Oposição vencer a sucessão de Teotonio Vilela Filho (PSDB) vai além do marketing político que já espalha "o novo” pelo Brasil em candidaturas “sintonizadas com as vozes das ruas”. Os líderes do PMDB afirmam que o projeto prevê a construção de uma nova postura transparente, participativa e democrática, diante dos desafios de Alagoas. E é bom lembrar que Renan Filho não é nem será o único “novo” nesta disputa pelo governo de Alagoas.

Seu provável adversário tucano, procurador de Justiça Eduardo Tavares, já se apropriou deste discurso do "novo". Mas Renan Filho garantiu que não vai brigar por isso, pois está seguro de que o eleitor o identificará, naturalmente, como a nova alternativa capaz de mudar os rumos das políticas públicas do povo alagoano.

Renan Filho e os demais líderes do partido alegaram que fizeram uma “depuração” da chapa peemedebista, a partir do expurgo do PRTB, do PMN e de seus líderes acusados de ilegalidade e até de homicídios. Mas o pré-candidato a governador mantém ao seu lado nomes que já foram alvo de acusações, como quase todos os políticos que exercem sucessivos mandatos, a exemplo de seu próprio pai e do senador anunciado para compor sua chapa, o ex-presidente Fernando Collor (PTB).

O pré-candidato do PMDB, apesar da juventude e disposição, vai se deparar na campanha com o seguinte questionamento que o blog lhe antecipou na coletiva desta segunda-feira (5):

Se é válido questionar como Eduardo Tavares pode se apresentar como a nova via, sendo o nome apoiado por um governador que está encerrando o oitavo ano de gestão, também é possível perguntar como o deputado federal Renan Filho vai se apresentar ao eleitor como "o novo", sendo filho e afilhado político de um senador que está no seu terceiro mandato de presidente do Senado?

Eis a resposta do jovem economista, ex-prefeito de Murici e pré-candidato a governador:

“Nós não temos a expectativa de trazer o novo para essa candidatura de forma artificial. Essa não é a nossa preocupação. O PMDB apresenta um novo caminho para Alagoas. E esse caminho será novo ou não, dependendo do que as pessoas acham dele. Nós não estamos preocupados com isso, no momento. Somos sim um partido que está ouvindo a população, fazendo um plano de governo de forma participativa, com propostas sólidas, de forma vibrante, percorrendo o Estado de Alagoas, e vamos apresentar uma proposta nesses moldes.

O que representa a nova agenda na política é estar sintonizado com as novas demandas da sociedade. Você próprio falou que as manifestações de junho do ano passado modificaram sim a política do Brasil. Essas manifestações, normalmente, em todos os países do mundo, fazem modificações profundas na política. Lá na “Primavera Árabe” as pessoas brigam por restrição de direitos, elas perderam direitos de expressar sua preferência religiosa, direito de ir e vir, direito democrático. Na Europa, na Grécia, na Espanha, houve restrição de direitos de funcionários públicos, que perderam sua aposentadoria, foram demitidos porque o Estado já não podia honrar seus compromissos, tiveram salários rebaixados. Lá, as pessoas foram às ruas porque perderam seus direitos garantidos.

Aqui no Brasil, me associo a todas aquelas pessoas que foram às ruas, porque, aqui, as pessoas estão querendo mais direitos. Elas não perderam direitos. O Brasil avançou nos últimos anos. O que nós propomos com essa candidatura do PMDB não é mudar tudo. Como disse o senador Renan, é mais fácil criticar do que fazer.

O que nós propomos é que Alagoas tenha, de uma vez por todas, a oportunidade de crescer na velocidade que os alagoanos desejam. Por isso, aquelas manifestações estão sintonizadas com os nossos desejos. E, nosso plano de governo, de forma participativa, ouvindo a todos, está também sintonizado com os desejos da população.

Portanto, essa questão de querer puxar para si o novo, isso é fácil. As pessoas vão identificar quem é o novo, quem representa as novas ideias, quem tem espírito transformador e quem quer levar Alagoas para um patamar diferente. Nós não vamos brigar por isso não”, respondeu ao blog o deputado federal Renan Filho


A “nova postura”

Renan, o pai, demonstrou estar orgulhoso por ter abdicado de sua “candidatura natural” ao governo de Alagoas para apostar no filho como melhor alternativa para o Estado. O ex-ministro da Justiça e atual presidente do Senado Federal pela terceira vez também dedicou atenção especial para reforçar o alinhamento da pré-candidatura de Renan Filho com a nova demanda de uma população cansada do modus operandi de uma classe política ultrapassada.

Logo no início de seu discurso, Renan Calheiros exaltou a democracia utilizando as palavras renovação, arejamento e oxigenação para destacar a importância da alternância no poder. “Por mais que algumas forças recalcitrantes da velha política não queiram, não tem jeito, o novo sempre vem!”, ressaltou. Mas o líder nacional do PMDB deixou de lado a dureza das críticas, para demonstrar compreensão e uma certa compaixão ao falar sobre as dificuldades do governo de Teotonio Vilela e prometer uma campanha limpa e propositiva.

“O governador não tem conseguido, ao final do seu governo, uma boa administração, uma aprovação para a sua administração. Mas isso não é definitivo. Isso pode melhorar. O papel do PMDB tem sido de ajudar Alagoas. Estamos ajudando esse governo. E é evidente que não estamos pensando igual. Temos críticas. O governo tem erros, equívocos; mas também tem acertos. Nós não vamos fazer uma campanha de embate. Queremos fazer uma campanha de debate, com participação popular; e mudar Alagoas com uma campanha limpa, propositiva”, pregou Renan Calheiros.

Da promoção dos debates “Alagoas, realidade e perspectivas” pelo interior do Estado à postura humilde de submeter publicamente o nome de Renan Filho à aprovação dos demais partidos da base de oposição ao governo tucano, há realmente algo de novo na política tradicional de Alagoas.


“Troca de gerações”

Quando o blog provocou Renan Filho sobre qual novidade ele seria para o eleitor alagoano, seu pai fez um longo complemento da resposta também extensa do pré-candidato a governador. O senador admitiu que pode não representar esse novo modelo de político “para alguns poucos” e demonstrou orgulho de estar abrindo caminhos para “o novo”, destacando que tal contentamento não tinha motivação apenas na relação familiar. Mas fez referência às mudanças recentes que promoveu no Congresso Nacional, como respostas às demandas das “vozes das ruas” de junho de 2013.

Eis a resposta de Renan Calheiros à pergunta sobre qual é esse “novo caminho para Alagoas”:

“O Renan Filho é candidato não apenas porque é a melhor proposta para Alagoas. Renan Filho é candidato porque ele cria nessa campanha uma oportunidade para que nós façamos a travessia de gerações à frente do governo do Estado. Eu tenho muito orgulho de abrir caminho para que isso aconteça.

Eu até sei que em muitas coisas, para alguns poucos eu não posso representar o novo. Mas o Renan [Filho] não. Ele é o novo, não pela idade. Mas pela campanha, que será uma campanha propositiva, limpa; pelo programa, que será um programa construído com a participação da população; pela clareza da extensão da aliança... Nós não vamos fazer aliança nem com o PRTB, nem com o PMN. Não seremos estreitos; vamos buscar o apoio dos prefeitos e lideranças, independentemente de condição partidária de cada um. E tentar ganhar tempo.

Alagoas está muito comprometida, economicamente e socialmente, pelos erros e equívocos do passado. Esse preço é um alto preço que Alagoas está pagando. Então, se Deus quiser, essa campanha será uma oportunidade para que a gente possa trocar de geração. Não é trocar apenas de governo, mudar apenas o grupo. Mas trocar gerações, mudar atitudes, trazer comportamentos novos, de transparência, de probidade”, argumentou o senador Renan Calheiros.

Que esta nova tendência realmente possa contaminar toda a classe política, para além dos discursos e do marketing político, independente da coligação ou das cores partidárias que concorrerão nesta eleição.

Porém, o mais importante é que o eleitor também se revista da ideologia pregada por este “novo”, abandone os vícios do coronelismo e feche as portas para que as velhas práticas da política tradicional continuem influenciando positivamente no resultado das urnas e negativamente no saldo das políticas públicas oferecidas à população.



Por Cada Minuto

Compartilhe :

veja também

0 comentários em "O que há de "novo" em Renan Filho na disputa pelo governo?"

Deixe um comentario

últimas notícias