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Maior da história: Média de mortes se aproxima de sete por dia em Alagoas.

Números oficiais apontam para um quadro assustador da criminalidade de Alagoas. O programa Brasil Mais Seguro não consegue estancar o sangue da morte de alagoanos



Com atraso de dois meses, a Secretaria de Estado da Defesa Social (SEDS) divulgou os números da violência relativos aos meses de janeiro e fevereiro deste ano de 2014. O que a estatística oficial revela é um lamentável e assustador aumento da quantidade de vítimas de mortes violentas em Alagoas. Estes dois primeiros meses do ano eleitoral de 2014 já acumularam o maior índice dos chamados crimes violentos letais e intencionais (CVLIs) dos últimos anos, quiçá da história de Alagoas.

A situação de calamidade já fez a média diária de mortes violentas se aproximar de sete CVLIs por dia. É a maior média de criminalidade desde o ano mais violento da história de Alagoas, 2011, quando foram registradas 2.427 mortes.

O período de janeiro a fevereiro de 2011 teve 385 CVLIs registrados, contra 411 registrados no mesmo período deste ano de 2014. Foi superado até mesmo o índice de 2012, que registrou 410 mortes nos dois primeiros meses do ano. E a média de mortes diárias já é de 6,97 mortes.

Tendo em vista que até a semana passada não havia nenhum dos dados relativos a janeiro ou a fevereiro deste ano de 2014, houve atraso na divulgação dos dados deste primeiro bimestre. Você pode conferir os números clicando aqui para baixar o arquivo em formato PDF. O relatório detalha os CVLIs, classificados por modalidade de crimes.

Janeiro de 2014 é o mês mais violento desde 2011. Foram 220 CVLIs neste ano, contra 219 no ano mais violento da história do nosso Estado. Já no mês de fevereiro, foram 191 mortes violentas; mais que 171 do ano passado. Só é menor que os 222 crimes registrados em fevereiro de 2012.

Posso concluir que assistimos a uma tragédia no âmbito social e da gestão pública. É uma prova de que o Brasil Mais Seguro, lançado há quase dois anos, é mais que um fracasso. É um placebo que só afeta a saúde de quem acredita na propaganda oficial.

O quadro atual me faz lembrar do pedido de socorro que o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), corresponsável por este quadro, fez à presidente Dilma Rousseff em 2012. O tucano alertou que em Alagoas “cai um Boeing [morrem quase 200 alagoanos] por mês e ninguém se espanta mais”. Pois é! Já foram dois, lotados em 2014. Não por acidente!

Não escuto mais o apelo do governador. Nem vejo por aqui as aparições entusiasmadas da secretária Nacional da Segurança Pública, Regina Miki. E o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, por onde anda?

Apesar da curva ascendente da estatística, policiais passaram a desfilar pela orla de Maceió, muitos deles com ordem expressa de não deixar postos fixos à beira-mar para atender ocorrências. Uma correção de rumos não é necessária apenas no policiamento, nem somente na execução do programa Brasil Mais Seguro. Porque a origem da criminalidade é social. As políticas públicas não funcionam. E mais de R$ 200 milhões já foram apresentados como investimento na área de segurança, desde 2012.

O futuro como vítima

O problema da morte de alagoanos continua sendo o pior dos mundos para as próximas gerações. O cenário macabro pode transformar o futuro que Teotonio Vilela pinta como de uma Alagoas industrializada. Isso porque, como alertou o economista Fábio Guedes Gomes, em um embasado estudo sobre as consequências da criminalidade na economia Alagoas.

Nós, alagoanos, estamos morrendo. E a apatia da sociedade é a mais letal munição para tudo isso.


Por Cada Minuto

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